quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Isotônicos. Consuma com moderação


Indicados para repor nutrientes perdidos durante o esforço físico, cada vez mais pessoas fazem uso deles. Saiba como o seu organismo reage quando você mata a sede com esse tipo de bebida

POR VITOR CAVALCANTI / FOTOS FABIO MANGABEIRA

De repente você sente aquela sede. Pode ser depois de uma caminhada leve ou da contrariada ida a pé até a padaria perto de casa. Se o dia estiver quente, então, é quase certo que esse "exercício" vai pedir uma bebida para aliviar a situação. O natural seria tomar um copo com água, ou mesmo um suco, mas muitas pessoas deixam de lado a velha companheira para beber um isotônico. Talvez o sabor e a composição rica em sais minerais façam as pessoas pensarem que matar a sede com essa bebida seja uma boa idéia e até faça bem para o organismo. Mas não é tão simples assim.

ANTES DE TOMAR O PRÓXIMO GOLE, SAI BA QUE A BEBIDA DEVE SER EVITADA POR HIPERTENSOS E SEU EXCESS O PODE CAUSA R GANHO DE PESO

Para alguns especialistas, pessoas com tendência a ganho de peso fácil ou que já andam com quilinhos a mais podem ter problemas. "O isotônico é uma fonte de calorias, quase equivalente a uma bebida adoçada com açúcar, como um refrigerante. Quem bebe pode ganhar peso", explica o endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Márcio Mancini.

A especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade de São Paulo (USP) e nutricionista do ambulatório de Medicina Esportiva do Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC), de São Paulo, Suzana Bonumá, complementa o raciocínio de Mancini: "Bebidas esportivas são formuladas para suprir as demandas do esporte. Quando consumidas por pessoas que não praticam atividade física, podem acarretar em sobrepeso por excesso no consumo de calorias não gastas", avali

Perigos do abuso
Calma, também não é nada assustador. A bebida isotônica não é uma bomba calórica (como comparação, uma das marcas mais consumidas tem 45 calorias em 200 ml), mas é muito comum o abuso de consumo e, como tudo em excesso acaba prejudicando o organismo, nesse caso, o efeito será totalmente visível na balança.

Para Sônia Trecco, nutricionista e chefe do serviço de atendimento ambulatorial do Instituto Central do HC, entretanto, o ganho de peso muitas vezes não vem do isotônico. "Às vezes, a pessoa fala que o isotônico a fez engordar, mas ela extrapolou em outras coisas. Se o consumidor tiver uma alimentação balanceada e consumir essa bebida de forma moderada, difi- cilmente haverá ganho de peso", afirma.

Bom para atletas
Os isotônicos - populares nas academias e entre corredores - são comumente associados à boa forma e vigor físico, mas a bebida, por sua composição rica em sódio e sais minerais, tem uma indicação bastante específica: hidratar atletas que realizam atividade física intensa. Isso quer dizer que, mesmo aquela caminhada que você pratica e que faz muito bem à saúde por sinal, não necessita de um isotônico para repor uma eventual e pequena perda de sal mineral ou sódio.

Segundo as nutricionistas, a bebida foi desenhada para repor água e sais minerais perdidos no suor, ou seja, para promover a hidratação e também melhorar a performance dos atletas. Mesmo entre eles, existem lá suas indicações. Os isotônicos são recomendados após exercícios que durem mais de uma hora e que provoquem transpiração. "Atividades muito leves não justificam seu uso", lembra Suzana.

Quem não pode...
Existem outros pontos que devem ser levados em consideração quando se fala em consumir isotônicos. Um dos alertas é para pessoas com hipertensão. Essas bebidas são ricas em sódio, e os hipertensos precisam controlar o consumo. A dieta do brasileiro, naturalmente, já é rica em sódio - tem o sal da salada, do arroz, do feijão, biscoitos, enfim, uma série de fontes que suprem muito bem a demanda diária. A recomendação geral é que o consumo de cloreto de sódio seja de 6 g por dia, e cada garrafa de isotônico tem, em média, um décimo desse valor.

Além da hipertensão, o consumo não é indicado para quem tem diabetes, já que a bebida contém sacarose. "Pessoas com doenças renais, a menos que tenham indicação médica, e gestantes, exceto quando há supervisão, também não devem consumir a bebida", recomenda Sônia.

...e quem pode beber
Nem só de restrições vive o mundo dos isotônicos, tirando a questão do peso e de contra- indicações pontuais, como no caso de hipertensão; no geral, o consumo pode ser feito por qualquer pessoa, desde que com moderação. Em algumas situações, a ingestão é até indicada por especialistas. "Pode ser usado em caso de desidratação, com recomendação do médico. Por conter água e minerais, evita a diarréia", explica Sônia.

Essa prescrição da bebida acaba sendo comum até mesmo pela composição. Ela tem uma concentração de eletrólitos muito similar aos fluidos do organismo, e isso ajuda muito na absorção dos minerais. A formulação também faz com que o líquido fique pouco tempo no estômago, o que evita o surgimento da diarréia.

Essa prescrição da bebida acaba sendo comum até mesmo pela composição. Ela tem uma concentração de eletrólitos muito similar aos fluidos do organismo, e isso ajuda muito na absorção dos minerais. A formulação também faz com que o líquido fique pouco tempo no estômago, o que evita o surgimento da diarréia.

Se você faz um exercício leve ou não é adepto da atividade física, pode consumir a bebida sem peso na consciência. Uma garrafa por dia é a dose máxima para evitar qualquer problema. Todos os especialistas ouvidos pela reportagem concordam com esse perfil de consumo, mas dizem que, se fosse para orientar, o ideal seria ficar com a velha e conhecida água, ou, de repente, uma água de coco, que é bastante saborosa e menos calórica. "Seria uma boa alternativa, um isotônico natural. Não tem muito sódio e tem uma quantidade bem menor de açúcar. Para atleta mesmo, o isotônico é melhor; para quem faz uma caminhada ou atividade leve, a água de coco", sugere Mancini.

Encontre a sua medida
Assim como há discordância entre profissionais da saúde sobre a quantidade exata que cada indivíduo deve consumir de água por dia, não há consenso em torno dos isotônicos. A sugestão seria uma garrafa de 500 ml por dia e nada mais, como recomenda Sônia Trecco do Hospital das Clínicas de São Paulo, para os não adeptos da atividade esportiva.

Ela lembra que é difícil fazer um cálculo geral da quantidade. "Varia muito de pessoa para pessoa, uns demoram mais para suar (e requerem quantia inferior de líquido aos que transpiram muito)", explica Sônia. A nutricionista também informa que fatores como sexo, idade, altura e peso influenciam no metabolismo do indivíduo. "Em pessoas que praticam esporte e têm alimentação balanceada, por exemplo, o sódio aparece normal em exames laboratoriais. Mas o ideal é que não haja exagero. Hábitos saudáveis são para a vida toda", completa.

Para a especialista em Fisiologia do Exercício Suzana Bonumá, entretanto, uma boa dica para saber de maneira prática a quantidade de líquido que você precisa repor é pesar-se antes e depois da atividade física. "A perda de peso deve ser reposta em intervalos curtos após a atividade", frisa.

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